Histórico do bairro

O nome Fradinhos surgiu por volta de 1750. Na época três frades jesuítas (o francês Pierre de Bergue, o espanhol Alessandro e inglês Honeley) moravam num grotão, que hoje é conhecido como Sítio Todos os Santos. Durante o reinado de D. João I, dois frades foram repatriados pelo Marquês de Pombal, ficando apenas Honeley. Ainda nesta época, um garoto que morava nas redondezas ficou muito doente e seu pai fez uma promessa de que se ele melhorasse, o vestiria com um frade. O menino se recuperou e a promessa foi cumprida, passando, então, a vestir-se como um frade e sendo reconhecido como fradinho do grotão. Daí o nome do bairro até hoje. Existe outra versão para justificar o nome do bairro, que refere-se ao Pico Frei Leopardi (Pedra dos Dois Olhos) que, quando visto de um ponto a sudeste, se assemelha a um padre encapuzado. A área só começou a ser realmente ocupada na década de 70, quando os herdeiros da família Monjardim, Varejão e Dalma Almeida, este último proprietário da maior gleba, cerca de 100 mil m², começaram a lotear o local. Em 1973, a COHAB construiu algumas casas - uma Vila, o que contribuiu para movimentar a área. Fradinhos foi criado pela lei nº 1.689/66.

Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Vitória.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dia Mundial do Meio Ambiente: muita conversa e poucos resultados

Fonte: SÉCULO DIÁRIO
Vitória (ES), edição de 5 de Junho de 2009

Flavia Bernardes

Durante todo o ano foram poucas as políticas públicas ambientais que saíram do papel no Estado. Na Grande Vitória, a poluição continua. No norte, o que se vê é um mar de eucalipto e, no sul, a degradação não é menor. Ao todo, foram 563 hectares de mata atlântica desmatados em três anos. Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o Estado insiste que está fazendo algo.

Para os ambientalistas, não há o que comemorar. Segundo eles, foi pouco o progresso na área ambiental do Estado. Isso porque os mesmos erros continuam ocorrendo, denunciam eles. Denunciam ainda que o Dia Mundial do Meio AMbiente vem sendo utilizado no Estado para vender a imagem de sustentabilidade ambiental que o governo do Estado nunca praticou.

“Se agente parar para ver com calma, nada foi feito de fato. Todos os problemas continuam, o desrespeito ao meio ambiente corre solto e o que eu vejo de fato é que os recursos para a preservação de áreas estão diminuindo e a dificuldade para recuperação de áreas aumentando. Na contramão, as grandes empresas continuam se ampliando de forma impactante pouco preocupadas em instalar tecnologias sustentáveis em suas produções”, afirma o ambientalista Bruno Fernandes, do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama).

O governo continua passando a responsabilidade à sociedade e nada para as empresas, diz ele. Prova disso são os projetos voltados aos produtores rurais, por exemplo, em que o governo paga aos agricultores pra preservar e os mesmos são cobrados para isso. Entretanto, a mesma cobrança não é feita para as grandes empresas que continuam degradando, descumprindo condicionantes, tendo suas multas canceladas em conselhos de meio ambiente do Estado e impedindo qualquer equilíbrio e preservação em suas ações.

Para o ambientalista Freddy Guimarães, da mais antiga ONG ambientalista do Estado, a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), continua no Estado a predominância do interesse econômico, disfarçado pela propaganda de desenvolvimento. Ele denuncia que parte de uma área do Parque da Fonte Grande foi descaracterizada, ao invés de recuperada. No local será construído um conjunto habitacional.

“O que ocorreu foi uma barbaridade, a resposta que nos deram é que as famílias que irão morar lá estão sendo retiradas de uma área que será recuperada, ou seja, destruindo uma área para recuperar outra. Não há progresso nisso”, desabafou.

Ao todo, o Estado desmatou no período de 2005-2008 573 hectares de mata mata atlântica. A destruição foi seis vezes maior do que a registrada no período de 200-2005, quando 86 hectares foram desmatados no Estado.

Neste contexto, a opinião dos ambientalistas é de que muito vem sendo conversado no Estado, mas pouco vem sendo feito de fato. Eles denunciam que as comissões de meio ambiente, tanto da Assembléia Legislativa quando das câmaras municipais e até do próprio Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), pouco agem no sentido de fiscalizar e defender o interesse público e que se preocupam mais em homenagear as grandes empresas em seus debates do que resolver os problemas ambientais gerados por elas.

Entre os problemas ignorados pelo poder público estão, por exemplo, a ocupação do litoral norte do Estado por grandes empreendimentos como o Portocel, da Aracruz Celulose, que chegou a fechar com suas cancelas sem autorização do órgão ambiental prejudicando fluxo do rio Riacho, a fauna e os pescadores sem ser repreendida; a construção do estaleiro Jurong, também na região da área pretendida para a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) das Algas; a poluição por metais pesados da lagoa Mãe-Bá, em Anchieta, pela Samarco; a emissão de mais de 59 gases poluentes e cancerígenos por Vale, Arcelor, Samarco e Belgo Mineira; a ocupação das margens dos rios e topo de morros pelos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose; entre outros problemas.

Em 2006, o cálculo era de que 264 toneladas/dia de poluentes eram lançadas no ar, totalizando 96.360 toneladas/ano. Desde lá, as indústrias expandiram e praticamente triplicaram suas produções, mas até agora nenhum estudo foi feito pelo Estado para avaliar quanto de poluentes são despejados no ar pelas indústrias, qual o risco para a população e quais as medidas mitigatórias que deveriam ser adotadas. Dos 59 gases lançados no ar, pelo menos 28 são altamente nocivos, que provocam, inclusive, alguns tipos de câncer, alergias respiratórias, entre outras doenças.

Enquanto isso, segundo a Associação dos Alergistas do Estado, o dado é de que pelo menos 35% da população da Grande Vitória sofrem atualmente de problemas alérgicos.

Quando o assunto é mar, a omissão do governo do Estado não é menos preocupante. Há anos a criação de unidades marinhas estão barradas na Casa Civil, em Brasília, devido à pressão política do próprio Estado, para a não criação do Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz e a Área de Proteção Ambiental (APA) das Algas, no norte do Estado. Apesar do estudo demonstrar que as áreas não interfeririam nas atividades econômicas como navegação, exploração petrolífera, entre outros, não é interesse do Estado privar as áreas da exploração econômica, como é o caso da Jurong.
“Ainda existe uma visão de que o mar é fonte inesgotável tanto de recursos como de capacidade para agüentar a poluição. Mas não é, já ultrapassamos o limite de exploração!”, afirmou o oceanógrafo do Projeto Tamar Roberto Sforza.

Para ele, falta vontade política para agir em relação ao meio ambiente, tanto no Estado quanto no resto do País. Ele explica que não há como pensar em aumentar a produção da pesca, por exemplo, sem entender que é necessário recuperar este recurso antes.

“Seja pela exploração ou pelo descarte de efluente, é necessário recuperar este recurso. Caso contrário, será impossível aumentar produção, como defendem os governos. Como aumentar a pesca se esse recurso já está escasso? É necessário recuperar e perder essa mentalidade de que, se há medidas mitigatórias, o mar aguentará. Isso não é verdade”, ressaltou.

Segundo os ambientalistas, os recursos naturais do Estado estão sendo explorados de forma irresponsável com o aval poder público. Neste contexto, é necessário que a população fique atenta e cobre dos responsáveis a fiscalização e a punição para os degradadores do meio ambiente.

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