Histórico do bairro

O nome Fradinhos surgiu por volta de 1750. Na época três frades jesuítas (o francês Pierre de Bergue, o espanhol Alessandro e inglês Honeley) moravam num grotão, que hoje é conhecido como Sítio Todos os Santos. Durante o reinado de D. João I, dois frades foram repatriados pelo Marquês de Pombal, ficando apenas Honeley. Ainda nesta época, um garoto que morava nas redondezas ficou muito doente e seu pai fez uma promessa de que se ele melhorasse, o vestiria com um frade. O menino se recuperou e a promessa foi cumprida, passando, então, a vestir-se como um frade e sendo reconhecido como fradinho do grotão. Daí o nome do bairro até hoje. Existe outra versão para justificar o nome do bairro, que refere-se ao Pico Frei Leopardi (Pedra dos Dois Olhos) que, quando visto de um ponto a sudeste, se assemelha a um padre encapuzado. A área só começou a ser realmente ocupada na década de 70, quando os herdeiros da família Monjardim, Varejão e Dalma Almeida, este último proprietário da maior gleba, cerca de 100 mil m², começaram a lotear o local. Em 1973, a COHAB construiu algumas casas - uma Vila, o que contribuiu para movimentar a área. Fradinhos foi criado pela lei nº 1.689/66.

Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Vitória.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Não temos aeroporto, segurança, nem conseguimos andar de carro, moto ou ônibus nas ruas. Mas o Governo do Estado que construir o "Cais das Artes"

Fonte: A GAZETA

Antes da matéria, um comentário. Não se pode ser contra projetos culturais nem a contrução de espaços para a cultura mas antes de se construir um monumento como este devemos ter a tranquilidade em todos os sentidos para visitá-lo, não acham? Digo, não temos problemas mais graves para solucionarmos antes? É um belo projeto, só que "fora do momento" ao meu ver.

E uma pergunta: O RESPONSÁVEL FOI ESCOLHIDO POR CONCURSO PÚBLICO?

19/04/2009 - 21h39 ( - gazeta online, com informações da Folha)

A edição deste domingo (19) do jornal Folha de São Paulo traz uma reportagem especial sobre o arquiteto capixaba Paulo Mendes da Rocha. Mundialmente conhecido, o profissional é responsável por conceber o projeto arquitetônico do Cais das Artes, que será construído na Enseada do Suá, em Vitória.

No vídeo ao lado é possível fazer um passeio completo, em 360º, pela maquete do projeto e ver como a estrutura a ser construída deve se alinhar de maneira harmônica com a baía de Vitória.

Como diz a matéria, até 2012, deve ser entregue à cidade um edifício de linhas contemporâneas, que invade as águas da baía de Vitória, feito em concreto e metal.

A construção terá um museu em condições de receber mostras internacionais, com área total de 3.000 m2, além de um teatro de 1.300 lugares e outros espaços (reserva técnica, sede de corpos estáveis, salas para oficinas educativas, entre outras coisas).

Em entrevista à Folha, na edição deste domingo (19), o arquiteto capixaba radicado em São Paulo fala sobre o Pritzker dado ao suíço Peter Zumthor -que ganhou o Mies van der Rohe para arquitetura europeia, outra honraria importante da área, no mesmo ano em que Paulo Mendes da Rocha recebeu a versão latino-americana -1999.

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Também não deixa de comentar o que considera nocivo para o urbanismo paulistano, como a manutenção do MAM-SP (Museu de Arte Moderna de SP) embaixo da marquise projetada por Oscar Niemeyer no parque Ibirapuera e a não execução de um anexo para a Pinacoteca do Estado, projeto de 1993 que trouxe de novo luzes sobre sua obra arquitetônica.

Confira o trecho da reportagem da Folha:


O Pritzker a Zumthor
Peter Zumthor é um arquiteto com uma obra que pensa e reflete profundamente o espaço. O prêmio dado a ele distingue uma arquitetura que está fora da exuberância mercadológica tão presente atualmente no meio. O Pritzker sempre está olhando para o futuro e faz com que uma obra como a dele seja vista e estudada com mais profundidade.

Cais das ArtesO local do Cais das Artes
É um projeto que, para mim, tem um encanto e uma sedução muito especiais, pois nasci lá. A casa do meu avô era quase em cima do porto, junto do parque Moscoso. O porto fica na cidade velha, no fundo de um canal formado entre o continente e a própria ilha de Vitória. Na entrada desse canal, portanto, acabou se fazendo uma ponte que liga o continente à ilha, era um território abandonado "in natura" até outro dia.

Há pouco tempo, uns 15, 20 anos, foi feita uma muralha de cais com material da dragagem do próprio canal. Ganhou-se uma área do mar, retificou-se essa frente e prolongou-se uma avenida.

O programa
Este projeto contempla um teatro capaz de exibir óperas. Portanto, deve ter todos os recursos de orquestra, fosso, capacidade para 1.300 pessoas. E há um museu de arte moderna; hoje toda cidade importante do mundo tem seu MAM. O projeto tem de organizar essa praça de 70 metros por 300 metros na frente do mar. O lugar é esplêndido, porque você assiste aos trabalhos do mar, num desfile constante de navios para lá e para cá, rebocadores, lanchas de práticos. Ou seja, é uma cidade que se pode ver ali amparada pelos trabalhos.

Dificuldades

É um território de Marinha, ganho do mar, com problemas de lençol freático superficial.

Nós fizemos o teatro levantado do chão, o que dá a ele uma impostação de liberdade no chão, com galerias laterais.

E, junto da avenida, fica a parte de serviço, a entrada dos artistas, fundo de palco, espaço para cenários.

O grande salão, de onde se desce para a plateia, está debruçado sobre as águas do mar.

Nós pusemos toda a sustentação, os pilares, dentro d'água. Nos fundos do teatro, as janelas abrem para o mar.

De Vila Velha para Vitória, há uma navegação muito interessante de passageiros. Há desde grandes transatlânticos de turistas a lanchas, embarcações menores, que se dirigem para os recintos turísticos da baía, riquíssimos.
Esse lugar, assim, toma um certo ar veneziano. De quem constrói enfrentando as águas.

A influência de Reidy
O museu é desenvolvido de modo linear ao longo do mar, mas levantado do chão, para que desde a avenida você não tenha tolhida a visão do mar, dos navios e do lado de lá do canal. É bom lembrar que o MAM do Rio de Janeiro, do [Affonso Eduardo] Reidy, já é assim também -ou seja, diante de uma paisagem belíssima, você procura, sempre que pode, que um grande edifício não seja uma pedra no chão.

A influência portuária
Eu nunca saí de Vitória, não é? Do ponto de vista da minha formação, essa cidade sempre teve uma importância grande. Quem nasce num porto de mar, tem uma educação peculiar.

Há uma visão das virtudes da natureza, dos seus fenômenos, mas também das engenhosidades humanas. Um porto atrai e abriga inexoravelmente catraieiros, estaleiros, máquinas, ligações especiais com o tempo, com os horários...

Quem nasce num porto de mar tem tudo para ser sábio. Acostuma-se a ver a natureza não como uma simples paisagem, mas sim como um conjunto de fenômenos. Se o outro diz que é doce morrer no mar, nós, entretanto, achamos que não convém [risos].


Minha Casa, Minha Vida
De maneira geral, todos os chamados planos habitacionais são erráticos porque não amparam a questão essencial da moradia, que é o endereço.

Habitação tem de ser junto do transporte público, nas áreas mais centrais, onde o acesso ao trabalho é fácil.

A grande questão da habitação é a construção da cidade.

Se você considerar uma cidade como as nossas, com mais de 5 milhões de habitantes, não pode fazê-la inteira pensando em palácios, museus, teatros.

Isso são adereços indispensáveis à cidade. Mas ela é feita de milhões de casas, que têm de saber conviver com o comércio, com acesso à saúde, à educação, ao transporte público.

Portanto, é um problema muito mais complexo do que simplesmente fazer um determinado número de casas, no caso 1 milhão.

Esse contrassenso de se afastar das áreas centrais é até explicável pela ideologia das classes mais ricas.

Mas a cidade bem feita é sempre um espaço democrático. Isso apavora esse pessoal que gosta de morar afastado.

Não percebem que, com isso, destroem a sua própria cidade, a sua própria moradia. Eu não sei como é que se faz para educar os filhos na adolescência em condomínios fechados. Estão produzindo monstrengos.

O anexo da Pinacoteca
É uma ideia do Emanoel Araujo, que era o diretor da Pinacoteca no tempo da reforma que fiz lá.

A ideia era transformar o que hoje é uma escola estadual em uma instituição de caráter museológico, que formaria de carpinteiros, eletricistas e montadores de exposições até museólogos, críticos, como um anexo da Pinacoteca do Estado.

Queria até fazer uma pequena ponte para a passagem de pedestres, alta, que ligasse um daqueles terraços altos da Pinacoteca atual ao outro lado do novo edifício.

A ideia é brilhante. Hoje, uma grande dificuldade dos museus é arranjar um corpo de funcionários capaz de gerir tudo aquilo. É uma coisa para fazer, não há o que discutir.

Esse é um projeto da cidade de São Paulo, qualquer arquiteto pode fazer, um pouco mais assim, um pouco mais assado.
Não estou dizendo que quero fazer, não sou catador de projetos. É um projeto que qualquer pessoa de bom senso faz.

O MAM-SP
A tragédia do parque Ibirapuera é o MAM, porque é fruto de um engano absurdo. Se é um museu, tem de respeitar as artes e, muito particularmente, a arquitetura, como manifestação artística.

O museu se enfiar embaixo da marquise é uma estupidez que não é possível ser feita por um museu. O grande empenho do MAM deveria ser de sair debaixo da marquise e liberar a entrada do Pavilhão da Bienal. Você não pode usar um quadro de Picasso como tela para pintar outro quadro e dizer que aproveitou a tela. Foi o que fizeram com a marquise.

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