Numa das últimas reuniões de condomínio em meu prédio, com pouquíssimos presentes, a proprietária do apartamento acima do meu, expôs o fato de que uma aranha entrara em sua moradia por um galho de uma árvore do prédio vizinho e requisitou a poda do mesmo, para evitar que "outros seres da natureza”, se aproximassem novamente de sua moradia. O vizinho abaixo, aproveitando o ensejo, pediu que o galho que chegava a sua janela, também fosse cortado.
Sendo morador da unidade situada entre ambos, afirmei que preferia preservar o galho que chegava à janela de meu apartamento, caso a poda fosse mesmo aprovada. Nada mais foi requisitado ou se apresentou como necessário para a árvore em questão ou quaisquer outras árvores que nos acolhiam em suas benfazejas sombras, partindo dos prédios vizinhos.
Os contratados para o serviço, sob ordens da síndica, iniciaram-no e rapidamente eliminaram o problema de quem o havia requisitado. Eu os alertei de que poupassem os galhos que chegavam à minha janela, já que em minha família, amamos a natureza, tendo a consciência de que ela não existe apenas para servir ao homem. Fazemos parte dela, queiram algumas pessoas encarar a realidade desta forma ou não.
Após retornar do trabalho, descobri para minha surpresa, que um dos troncos da árvore que dava sombra ao pátio também havia sido eliminado, o Fícus que ficava na parte posterior do pátio (sequer próximo ao corpo do prédio) havia sido “mutilado” e o Flamboyant à direita do pátio, havia sido cortado em todos os galhos que ultrapassassem o limite de nosso muro, mesmo sem qualquer relação com o requisitado previamente na reunião que eu comparecera - uma monstruosidade.
Os contratados então, afirmaram que receberam ordens da síndica, de eliminar todos os troncos e galhos que restavam sobre o pátio, provendo sombra a este, suprimindo vestígios de quaisquer árvores que ultrapassassem os limites do prédio ou tocassem no corpo deste, sob a alegação de evitar que folhas continuassem caindo ao chão, porque “estas poderiam entupir o ralo”. O que pensar de pessoas que acham que podem viver isolados da natureza, delimitando-a através de muros?
O playground sempre foi um lugar estéril, desprovido de conforto - um pequeno forno de piso áspero, que frita ao sol os incautos que tentam levar seus filhos para brincar, não sendo de admirar que tão poucos pais o façam. A escassa sombra de que dispunha, se originava da benesse de estar cercado pelas árvores vizinhas, que proviam sombra e beleza. Hoje, estas foram totalmente devastadas pela insanidade de quem prefere cimento ao verde. Destruiu-se o que de verde podia restar sobre ele. Não resta dúvida de que há loucura para tudo.
As árvores vizinhas não pertenciam ao nosso terreno, mas desprezar a sombra e beleza que elas nos proporcionaram graciosamente durante todo este tempo, foi uma ação covarde, de quem provavelmente já se encontra morto por dentro, desprovido de qualquer sensibilidade e humanidade, um ato de alguém sem vida, contra seres magníficos que não podem se defender e que nenhum mal proporcionaram.
Pagar sombra e beleza com o corte da serra, numa época onde áreas verdes já escasseiam e em todo o planeta a ordem é plantar, demonstra como este tipo de gente prefere dar seu toque pessoal ao incremento da imbecilidade humana. A NATUREZA torna-se em suas bocas, uma palavra distante, evocada apenas quando lhes convêm. Pessoas assim, ao partirem, não fazem qualquer falta ao mundo e são por ele apagadas, como um acidente a ser esquecido. Que Nêmesis, a deusa grega que provia a natureza de um ético equilíbrio, não tarde a dar sua última palavra. As árvores clamam por sua justiça.
Sendo morador da unidade situada entre ambos, afirmei que preferia preservar o galho que chegava à janela de meu apartamento, caso a poda fosse mesmo aprovada. Nada mais foi requisitado ou se apresentou como necessário para a árvore em questão ou quaisquer outras árvores que nos acolhiam em suas benfazejas sombras, partindo dos prédios vizinhos.
Os contratados para o serviço, sob ordens da síndica, iniciaram-no e rapidamente eliminaram o problema de quem o havia requisitado. Eu os alertei de que poupassem os galhos que chegavam à minha janela, já que em minha família, amamos a natureza, tendo a consciência de que ela não existe apenas para servir ao homem. Fazemos parte dela, queiram algumas pessoas encarar a realidade desta forma ou não.
Após retornar do trabalho, descobri para minha surpresa, que um dos troncos da árvore que dava sombra ao pátio também havia sido eliminado, o Fícus que ficava na parte posterior do pátio (sequer próximo ao corpo do prédio) havia sido “mutilado” e o Flamboyant à direita do pátio, havia sido cortado em todos os galhos que ultrapassassem o limite de nosso muro, mesmo sem qualquer relação com o requisitado previamente na reunião que eu comparecera - uma monstruosidade.
Os contratados então, afirmaram que receberam ordens da síndica, de eliminar todos os troncos e galhos que restavam sobre o pátio, provendo sombra a este, suprimindo vestígios de quaisquer árvores que ultrapassassem os limites do prédio ou tocassem no corpo deste, sob a alegação de evitar que folhas continuassem caindo ao chão, porque “estas poderiam entupir o ralo”. O que pensar de pessoas que acham que podem viver isolados da natureza, delimitando-a através de muros?
O playground sempre foi um lugar estéril, desprovido de conforto - um pequeno forno de piso áspero, que frita ao sol os incautos que tentam levar seus filhos para brincar, não sendo de admirar que tão poucos pais o façam. A escassa sombra de que dispunha, se originava da benesse de estar cercado pelas árvores vizinhas, que proviam sombra e beleza. Hoje, estas foram totalmente devastadas pela insanidade de quem prefere cimento ao verde. Destruiu-se o que de verde podia restar sobre ele. Não resta dúvida de que há loucura para tudo.
As árvores vizinhas não pertenciam ao nosso terreno, mas desprezar a sombra e beleza que elas nos proporcionaram graciosamente durante todo este tempo, foi uma ação covarde, de quem provavelmente já se encontra morto por dentro, desprovido de qualquer sensibilidade e humanidade, um ato de alguém sem vida, contra seres magníficos que não podem se defender e que nenhum mal proporcionaram.
Pagar sombra e beleza com o corte da serra, numa época onde áreas verdes já escasseiam e em todo o planeta a ordem é plantar, demonstra como este tipo de gente prefere dar seu toque pessoal ao incremento da imbecilidade humana. A NATUREZA torna-se em suas bocas, uma palavra distante, evocada apenas quando lhes convêm. Pessoas assim, ao partirem, não fazem qualquer falta ao mundo e são por ele apagadas, como um acidente a ser esquecido. Que Nêmesis, a deusa grega que provia a natureza de um ético equilíbrio, não tarde a dar sua última palavra. As árvores clamam por sua justiça.
Lucio Abbondati Junior
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